quinta-feira, 6 de março de 2008

Distraio quando penso a profusão do teu olho

Abstraio no tempo o desejo de ver tua força

Segurando com os dentes a saliva que te guardo

Assopro o peito por demais calor

Nessa falta louca da palavra

Retumba um coração que entende

O que diz o teu sorriso quando invade

A minha boca que aponta certeira flecha na tua

E é o meu olho a faísca que acende

Essa luz que tua aura emana

E que faz a paz no meu peito aflito

Que não cansa de querer dar nome a isso que sente

E vermelho é o sorriso que vi

E vermelho é o beijo atrasado

Perdido num sol caindo num horizonte de prata

Que a lua de tão cheia profanou o fim daquele dia

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Uma alma minha

escapa entre dedos

rogo ao peito algum apego distraído

na boca, qualquer beijo estabanado

perambulo a madrugada apartado da razão

dialético vagabundo

de um peito incendiado

miro horas atormentado

desassossegado fumegante

um arquiteto de desvios exatos

quase desejo que um bandido aprazível

leve logo esse coração

que ainda sonha, ainda...

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Alimenta o teu desejo

Observa tua boca salivar

Baba de desejo, VONTADE

Pra depois

SÓ depois

BEM DEPOIS

Cobrir o desejo com fartura

Até que o oposto te atropele e o excesso cesse a tempestade

E faça em ti o raro da calmaria

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Mantenha as mãos limpas, mas nem tanto!

Mantenha a cabeça em mim, quanto mais melhor!

Te alimenta, cuida da saúde dos dentes e da alma.

seja esperta, esteja atenta, veja:

Te quiero con locura!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sem asas sob um céu ,absorto

Leve e denso como o vermelho da urgência que te tenho

Caminho contra a ânsia da minh’alma

Por teus beijos sem paixão

E projeto na tua boca

O desejo que me guia

E me situa

Até que no teu colo

Encontraria o alento que procuro à exaustão

Ainda que perdido

No denso labirinto do simples existir

Nego apenas assistir te ver passar

Quando caminhas solta pelo centro.

domingo, 9 de setembro de 2007

O nosso amor!

Essa causa quase perdida
Essa nossa idéia velha

talvez seja!

"E é preciso saber que o sonho não deve passar de uma noite..."

Não vejo nada e sinto
É quase uma esperança
Esse monstro mitológico que é a esperança
A constante possibilidade de começar tantas vezes
Essa vontade de pintar o nós de vermelho
A sensação da queda que me faz acordar
O medo de perder o medo
O sonho que se confunde na lembrança vaga do teu cheiro
O caos que faz esse poema sem métrica, nem rima nem centro
O sonho que me fiz feliz ai onde imaginei tua felicidade
E lá nesse dia, onde ambos sorrimos e depois choramos
E lá mesmo onde curamos tudo com um beijo no final.

E é preciso saber...
Que essa nossa causa quase perdida
Um dia foi veludo, um dia foi vermelho
E esse dia há de sentar no porvir!

domingo, 26 de agosto de 2007

Quero uma cartinha de amor
Daquelas de colégio
Daquelas mais lindas
Das mais bobas, toscas

Quero uma cartinha tua
Pra me fazer brincar de roda
Pra me levar ao guri que insisto não deixar de ser
Sentindo os olhinhos brilhar

Resisto!

Manda ai uma cartinha dessas
Como daquelas do colégio
Cheio d’um amor singelo
Lúdico, lindo e cheio do cru vermelho da verdade...

Uma cartinha de primeiro amor
Com cheirinho de morango
Manchinha de chocolate
Garrancho torto de delícia

Quero tanto uma cartinha de amor...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Nada em frente

Você aponta com o dedo


Nada de nós adiante


E na tua voz a cor do nada


Carrego impossibilidades na mala

Conto tuas migalhas

Resisto e comprimo no peito


Um grito de mais


Encontrando no beijo não dado


A mácula da dor do querer


No vento que sopra pro norte


Voa o pensamento que vive entre dentes


No absoluto vivo do não-ser

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Olhos cravados no céu

Digerindo o sal das horas passadas

Abusando do gosto da tua boca

Presumo nosso desencontro

Marcado ao risco de tuas unhas rasgando minha carne

Urro pra lua todo peso que carrego

Da sutil horda que me faz o que sou

E divido nas estrelas

Minha ânsia de te ter incandescente

Louca e forte

Bruta, linda e minha

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Tenho brasa nos olhos

Enquanto sugo madrugadas decifrando as flores do mal

Da cega queda do jardim de Baudelaire.

Essa loucura quieta vem junto e tempera

O silêncio eloqüente que a boca vela

Nessa minha solitária festa.



Sentado à minha cadeira de letras

Sinto a tempestade o terremoto e o vendaval

Quando balanço as asas que cultivo (in)quieto nesse patamar surreal

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Fala uma coisa bonita

Uma coisa exata pra nós

Que nos coloque em rota de colisão

Uma coisa que nos eleve além das asas

Fala algo que nos sustente, suporte tudo que somos

Que brilhe intenso como quando nos beijamos

Que remeta ao que junto somos aquém da carne

Dessa coisa bonita que fazemos quando nos acompanhamos

Exatos no mesmo caminho

Protegendo-nos, segurando as mãos de seda

Costuradas com pó de estrelas

Que de tanto, faz isso que você é quando minha

domingo, 19 de agosto de 2007

Escondi um poeminha sem olhos feito de fumaça

na palma da mão que guarda o mar

fiz dele um talismã pra pendurar no pescoço

ostententando no dorso o que mais podia querer ser:

>um fazedor de poeminhas<

Esse tal poeminha não fala de nada e o mesmo nada constrói

De nada bonito, de nada que dói, de nada que falta

Desde que o fechei nas sete amarraras e o pendurei

Posso andar mais distraído das minhas vermelhas revoltas

Ah,esse poeminha...

Sabe lá quão transparente ele me faz ser

Sabe lá essa gente

Que o que mais quero

São os poeminhas de fumaça, sem olhos, feitos à mão

sábado, 18 de agosto de 2007

Pisar sobre as ruínas do próprio castelo

ver girar seus demônios sob a luz do sol


ater o olho ao claustro cíclico da vida


oscilar trêmulo sobre os extremos do ser


e todos sabem do que falo


(e todos sentem mesmo que de olhos fechados)


somos cacos que tentamos paranoicamente reunir


somos a prova que há algum tipo de ordem no caos


a prova que o óbvio não é e nunca será uma tendência


somos tanto o que somos como o que negamos


o ser e seu duplo.


sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Mesmo que você
guarde o amarelo das tuas mãos
longe dos meus olhos que ardem suntuosa volúpia ao te ver transeunte,

Mesmo que na aurora púrpura do caótico céu de verão
esconda em seu falso calor
um ardor tão suave quanto suas mãos,

nefasta navalha!

Não temo perecer aos estrondos do vazio e silêncio forjado pelo que tua boca grita em vermelho pra dentro,

Sonhando meu caleidoscópio enquanto plano seguro em bolhas fractais,

Alcanço o nirvana em um soluço do tempo
exata aos meus braços com beijos solos

...sonho que egoísta sonhei por nós.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Não é um estado pacato esse meu

É um pânico quieto

É um grave desentendimento

É um aflito constante essa inércia ressentida

Uma fome estática, voraz e fria

Não há conforto estabanado

É um medo com dentes

É um motor potente e descontrolado

É um sem mapa, encruzilhada

Uma caminhada vaga que observa atenta os próprios pés

Não é uma despedida nem um reencontro

É um sem fim contar estrelas

É o eterno perecendo nas novas rugas que ainda não vieram

É um tal de esconder aquela dor que me olha no canto

Uma vertigem que insiste em engolir de dentro pra fora

Não é direito. Haverá remédio

Em algum lugar...(?) haverá.